quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Contaminação por metal pesado

      Estima-se que o chumbo seja utilizado em mais de 200 processos industriais diferentes com destaque para a produção de acumuladores elétricos. Este segmento abriga além de grandes empresas com melhor controle das condições ambientais de trabalho, pequenas empresas, muitas das quais instaladas em regiões residenciais, e funcionando à margem da legislação trabalhista, ambiental e de saúde.  No nosso meio, os homens constituem a maior parte dos atingidos pela intoxicação pelo chumbo dada a natureza das atividades que utilizam o metal (empregam predominantemente o sexo masculino).  No Brasil, além dos casos relacionados à produção e reforma de baterias automotivas tem sido relatados casos entre trabalhadores da indústria de plástico (PVC) (SILVEIRA; MARINE, 1991; MATOS, et al., 2003; DEMARCHI, et al., 1999; MENEZES; D’SOUZA; VENKATESH, 2003; RIGOTTO, 1989), entre trabalhadores que usam rebolos contendo chumbo para lapidação de pedras preciosas, instrução e aprendizado de tiro (SILVEIRA; MARINE, 1991), reparação de radiadores de carro, reciclagem de baterias automotivas, redução de minérios ricos em ouro para obtenção deste, entre outros. O quadro 1 apresenta as principais atividades ocupacionais que expõem os trabalhadores ao risco de intoxicação. 
      Uma vez que o chumbo entre em contato com o organismo, o mesmo não sofre metabolização, sendo complexado por macromoléculas, diretamente absorvido, distribuído e excretado. As vias de contaminação podem ser a inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão. Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído para o sangue onde tem meia-vida de 37 dias, nos tecidos moles, sua meia-vida é de 40 dias e nos ossos, sua meia-vida é de 27 anos, constituindo estes o maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo (MOREIRA, F.; MOREIRA, J., 2004).

Diagnóstico ocupacional da exposição ao metal

      O diagnóstico de certeza da intoxicação por chumbo é realizado com base em um conjunto de informações que considerem: evidências de exposição ocupacional ao metal, evidências laboratoriais de exposição e efeitos biológicos associados à exposição ao chumbo, sinais e sintomas compatíveis com o saturnismo.
      O chumbo metálico compromete vários sistemas fisiológicos. Clinicamente os mais sensíveis são o sistema nervoso central, o hematopoiético, o renal, o gastrointestinal, o cardiovascular, o musculoesquelético e o reprodutor. Existe uma grande variação na susceptibilidade individual, mas os sintomas clínicos em adultos podem se manifestar a partir de concentrações sangüíneas de chumbo de 25µg/dl.

Diagnóstico laboratorial
Para diagnóstico da intoxicação por chumbo podem ser realizados os seguintes exames:
1)Indicadores de Exposição: Estimam de forma indireta o grau de exposição ao chumbo. Estão neste grupo a dosagem de chumbo no sangue – Pb(s) e a dosagem de sangue na urina – Pb(U). O limite superior de normalidade legal é de 40µg/dl e o Índice Biológico Máximo Permitido (IBPM) é de 60µg/dl para o chumbo no sangue que é o parâmetro mais utilizado no Brasil.
2)Indicadores de Efeito Biológico: Estes testes revelam alterações orgânicas resultantes da ação direta ou indireta do chumbo na via metabólica da síntese do heme. Estes testes abrangem:
a) Dosagem da zinco-protoporfirina/ZPP – começa a aumentar com plumbemia em torno de 17 µg % . Tem boa correlação com a plumbemia e ALA(U), e constitui uma alteração metabólica persistente, permanecendo elevada mesmo depois que os demais parâmetros bioquímicos se normalizaram. Este fato é de grande importância para os estudos retrospectivos da exposição. A ZPP está aumentada em casos de anemia ferropriva e mesmo em dietas pobre em Fe. O valor de referência é de 40µg/dl e o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP) é de 100µg/dl.
b) Determinação do ácido delta aminolevulínico na urina (ALA-u) – Sua concentração urinária começa a se relacionar com a plumbemia a partir de 40µg de Pb/dl no sangue. Com o afastamento da exposição, os níveis de ALA-u diminuem e voltam aos valores normais de forma relativamente rápida. Este indicador pode estar aumentado também nas anemias de origem hepática e porfirias.  Seu valor de referência é até 4,5 mg/g de creatinina  e o  seu IBMP = 10mg/g de creatinina.

Intoxicação por chumbo matou 400 crianças menores de 

5 anos na Nigéria

 

      A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que mais de 400 crianças menores de cinco anos morreram desde março pelo envenenamento por chumbo no norte da Nigéria.
      A ONU estima que 18 mil pessoas possam ter sido afetadas pelo produto químico na região. A intoxicação foi causada pela mineração ilegal de ouro no Estado de Zamfara.
    Segundo Elizabeth Byrs, porta-voz do Departamento de Coordenação dos Assuntos Humanitários do órgão (Ocha), o número de mortes tem como base os relatórios da agência humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). Segundo a ONG, outras 500 foram atendidas nos quatro consultórios da MSF.
      Grande parte da população não informa sobre os novos casos de contaminação porque "tem medo de não poder continuar com a atividade", que foi proibida na semana passada pelo governo nigeriano após a informação sobre as mortes. 
      O envenenamento foi descoberto no início do ano durante o programa de imunização anual, quando os médicos perceberam que a maioria das crianças da região estava morrendo. Algumas vilas não tinham crianças com menos de cinco anos.
      Os moradores disseram que as mortes foram causadas pela malária, mas os exames de sangue feitos pelo MSF apontaram a contaminação por produtos químicos. O minério garimpado nas redondezas é levado aos vilarejos para processamento adicional, trabalho que com frequência é feito por mulheres e crianças pequenas. Os produtos químicos contaminaram o solo, a água e os que inalaram as partículas de poeira. Uma missão de avaliação da ONU descobriu que o abastecimento de água em quatro das cinco aldeias visitadas foi contaminado por níveis elevados de chumbo. As concentrações de mercúrio no ar também foram elevadas nas cinco aldeias, cem vezes superior ao índice estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao chumbo metálico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_atencao_saude trab_exp_chumbo_met.pdf. Acesso em: 27 de outubro de 2011.
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