sábado, 24 de setembro de 2011

Monóxido de carbono: toxicologia


 Membro da família dos asfixiantes químicos, o monóxido de carbono (CO) é um gás perigoso, incolor, inodoro, sem sabor e não irritante. Ele pode deixar uma pessoa inconsciente ou mesmo matar em poucos minutos. Ele é produzido pela combustão incompleta de matérias carbonáceas orgânicas, como o carbono, a madeira, o papel, o óleo, o gás e a gasolina.
O CO tem afinidade com a hemoglobina contida nos glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para os tecidos. A toxicidade do CO no homem se explica quando o CO entra em competição com o O2 pela hemoglobina. A ação tóxica principal do CO resulta em anóxia provocada pela conversão da oxihemoglobina em carboxihemoglobina (COHb). 


A afinidade da hemoglobina pelo CO é cerca de 200 a 250 vezes maior que a do oxigênio. A produção de carboxihemoglobina, complexo extremamente estável, além de causar um decréscimo na saturação de oxihemoglobina, causa um desvio da curva de dissociação para a esquerda, diminuindo a liberação de oxigênio aos tecidos. Além disso, a inibição competitiva com os sistemas da citocromo oxidase, principalmente a do P-450, impede o uso do oxigênio para geração de energia. O monóxido de carbono liga-se também à mioglobina, prejudicando o armazenamento de oxigênio nos músculos. 


A poluição atmosférica, o fumo passivo, a produção endógena, a exposição ocupacional, e o tabagismo agudo, são exemplos de fontes de exposição ao CO. Os locais de trabalho constituem igualmente um ambiente importante no que se refere à exposição ao CO, pois ele é um dos poluentes mais abundantes no ar e está presente em muitos locais de trabalho. A exposição ao CO é preocupante para trabalhadores das indústrias de aço e de papel da construção civil, das indústrias automotivas e das refinarias de petróleo.

Casal morreu asfixiado por monóxido de carbono em pousada
(Notícia extraída do site: www.g1.globo.com/minasgerais - 19/04/2011)

 
Um laudo conclusivo da Polícia Civil constata que o casal encontrado em uma pousada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, morreu asfixiado por monóxido de carbono, de acordo com o chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, delegado Wagner Pinto. Segundo informou o delegado nesta terça-feira, exames toxicológicos apontaram a presença de carboxihemoglobina no sangue, na concentração de 62%, em Alessandra Paolinelli, de 22 anos, e de 68% em Gustavo Ribeiro, de 23 anos. Este elemento indica a intoxicação por monóxido de carbono, que é um gás inflamável e sem cheiro.
Ainda segundo informações do delegado Wagner Pinto, o laudo divulgado põe fim à hipótese de morte seguida por suicídio. “A partir de agora, a polícia vai prosseguir nas investigações para definir uma eventual culpa. Dependemos do laudo da engenharia legal, que vai apurar se havia algum problema na lareira ou foi se mau uso dos hóspedes”, disse o delegado. A Polícia Civil aguarda laudos da engenharia e da perícia feita no quarto, que vão constatar se a lareira do quarto em que os universitários dormiram foi construída de forma correta ou se foi usada de maneira errada pelos jovens.


Saiba Mais:
SOUZA, R.; JARDIM, C.; SALGE, J. M. e CARVALHO, C. R. R. Lesão por inalação de fumaça. J. bras. pneumol. [online]. vol.30, n.6, pp. 557-565. ISSN 1806-3713, 2004.
LACERDA, A.; LEROUX, T.; MORATA, T. Efeitos ototóxicos da exposição ao monóxido de carbono: uma revisão. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 17, n. 3, p. 403-412, set.-dez. 2005.

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