quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Doping: o uso de ERITROPOETINA

O que é Eritropoetina??

A eritropoetina (EPO) é um hormônio glicoproteico de origem renal, que estimula determinadas “células-mãe” da medula óssea para que se diferenciem em hemácias.
Produção nos rins; atuação na medula óssea.

Atualmente está disponível em quantidades ilimitadas, pois pode ser obtida por engenharia genética. Em 1987, Eschbach e col. comunicaram a utilidade clínica de EPO recombinante humana na correção da anemia na insuficiência renal crônica (IRC). O seu uso potencial entre desportistas pode ser enorme, principalmente entre os ciclistas de elite. Em 8 de março de 1997, a UCI (União Ciclística Internacional) colocou em funcionamento controles de hematócrito na prova Paris-Nice, realizando um controle diário em vários ciclistas. Como medida preventiva para controlar o uso da EPO, considerou-se o ciclista não apto para a prática desportiva nos próximos 15 dias no caso de hematócritos maiores do que 50%.

Farmacocinética

Em seres humanos é necessária uma dose mínima de 100U por quilograma de peso corporal de EPO por via endovenosa para manter os seus níveis séricos acima dos valores basais por 24 horas; doses maiores produzem aumentos proporcionais. A administração exógena de EPO recombinante (50U por quilograma de peso corporal) três vezes por semana por via endovenosa ou subcutânea, após uma sessão de diálise, se mostrou capaz de aumentar o hematócrito em torno de 35% ou mais, em pacientes anêmicos com IRC. Com essas doses, são produzidos aumentos dose-dependentes do hematócrito, havendo uma reticulocitose mantida por pelo menos sete meses, sendo que a dose de 500U por quilograma de peso corporal é a que produz a máxima resposta.

Utilização no esporte!

A EPO está sendo utilizada por atletas e, embora a sua verdadeira incidência não seja conhecida, obviamente o seu uso está substituindo o doping sanguíneo por evitar o risco de infecção e o inconveniente do armazenamento do sangue.
Efeito sobre o desempenho. Embora se disponha de poucas informações a respeito, é razoável supor que possa ser capaz de melhorar o desempenho em alguns esportes. O seu potencial ergogênico, semelhante ao do doping sanguíneo, parece óbvio. Entre os poucos dados disponíveis, há um relato de atletas suecos que reduziram os seus tempos de forma significativa após fazer uso da EPO. Corredores de endurance com parâmetros hematológicos normais para baixos não os modificaram com a EPO e o desempenho não parece aumentar, talvez devido a um efeito no turnover das hemácias. Embora esteja incluída na lista de substâncias proibidas pelo COI, não há disponível nenhuma técnica analítica segura para detectar a sua utilização. A EPO sintética é idêntica à endógena e, desta forma, indetectável por qualquer tipo de análise, exceto pela supressão dos níveis de EPO circulantes. Obviamente, está se tentando encontrar técnicas urinárias que permitam a sua detecção, como a medição de produtos da degradação do fibrinogênio; outra forma indireta de detectar o seu uso é a determinação do hematócrito, sendo sugestivo um hematócrito superior a 50%.

Perigos: os efeitos adversos

Nos pacientes com IRC não foi observada nenhuma disfunção orgânica, nem efeitos tóxicos com a utilização da EPO. A maioria dos efeitos adversos está relacionada com um aumento da viscosidade sanguínea consequente à elevação do hematócrito (incluindo hipertensão arterial, trombose da fístula arteriovenosa, hiperpotassemia e uma síndrome pseudogripal). A combinação de um hematócrito aumentado em repouso com uma desidratação por um exercício prolongado pode ter como resultado um aumento perigoso da viscosidade sanguínea em atletas que fazem uso da EPO. O risco potencial é maior pela variação interindividual da resposta à substância e pelo estímulo mantido da medula óssea dias depois da suspensão da EPO. Como resultado, o hematócrito e a viscosidade sanguínea podem continuar aumentando depois da suspensão da substância. É provável que um nível máximo de hematócrito de 50% não possa ser considerado seguro para um atleta que utilize EPO, quando se considera os seus efeitos tardios.


Saiba mais:
Ainda indicamos a leitura desse artigo de revisão. Várias informações interessantes sobre doping sanguíneo e afins.
LAUDO PARDOS, Consuelo; PUIGDEVALL GALLEGO, Victor; RIO MAYOR, María Jesús de  and  VELASCO MARTIN, Alfonso. Archivos de Medicina del Deporte Doping sanguíneo e eritropoetina. Rev Bras Med Esporte [online]. 1999, vol.5, n.1, pp. 27-30.

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