quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que é a Toxicologia Analítica?


A toxicologia Analítica assumiu, nos últimos anos, uma conotação de ciência Forense, mas é importante lembrar que seu uso abrange outras áreas como a toxicologia ocupacional, verificando os níveis de segurança para o trabalhador quando expostos a resíduos, produtos de sua atividade laboral, como intoxicações por pesticidas em trabalhadores da zona rural; intoxicação por chumbo em pintores; por arsênio em soldadores ou pneumoconioses por sílica ou amianto em trabalhadores da construção civil.
A toxicologia vem se desenvolvendo e aprimorando com o objetivo de garantir e promover a segurança da humanidade e dos demais seres vivos no planeta. Com a nova luta para proteger a Terra a atividade de toxicologia ganhou força e passou a ser cada vez mais solicitada pelos órgãos vigilantes.
OBJETO DE ESTUDO
Na toxicologia analítica, nosso objeto de estudo será a interação de agentes toxicantes com os seres vivos, sendo fundamental o conhecimento da toxicologia clínica para que possamos iniciar nossas análises.
Esta interação nos fornecerá subsídios e direcionamento para decidirmos o melhor teste e o melhor local para coletarmos nossas amostras, caso contrário as avaliações toxicológicas se tornariam muito caras.
FASES DA INTOXICAÇÃO
Dependo da fase em que iremos avaliar o processo de intoxicação, é importante atentarmos para elementos que descrevem o momento e o que iremos estudar em cada momento.
No primeiro momento ocorre a EXPOSIÇÃO, neste momento é importante analisarmos a via de administração e as características químicas da(s) substância(s) que o paciente/vítima entrou em contato, desta forma obteremos informações como: lipossolubilidade, propriedades ácidas ou alcalinas, além de outras que nos servirão de subsídios iniciais para avaliação. Neste momento analisaremos O TOXICANTE.
No segundo momento deteremos nosso foco na TOXICIDADE do agente, dentre os fatores que implicam neste momento encontramos o caminho que o toxicante percorre no corpo (TOXICOCINÉTICA), quando avaliamos sua absorção, distribuição, metabolismo e excreção; no segundo momento nos deteremos nas interações com os receptores (TOXICODINÂMICA) resultando em informações sobre a natureza da ação do agente tóxico.
No final deste processo teremos informações importantes e, quando voltamos à toxicodinâmica, teremos novas informações sobre os efeitos gerados pela interação do toxicante com receptores resultando em EFEITOS que nos servirão de subsídios para direcionarmos nossos métodos de análise.
TOXICIDADE X RISCO
A capacidade que uma determinada substância tem de causar intoxicação é entendida como toxicidade, no entanto o risco vai além, é preciso que exista a possibilidade de exposição somada a capacidade de a substância causar intoxicação (toxicidade), sendo assim, é possível uma substância ter alta toxicidade, no entanto ter baixo risco e vice-versa.
CONDIÇÃO PARA EXPOSIÇÃO
As condições para o risco de exposição são somadas a diversos fatores: DOSES mais elevadas, administrações FREQUENTES, menores INTERVALOS aumentam a probabilidade de intoxicação. Algumas VIAS DE ADMINISTRAÇÃO como às parenterais ou a oral têm maior risco de intoxicação, já a tópica tem menor risco, no entanto ainda pode ocorrer, substâncias como os corticóides apresentam grande capacidade de absorção.
Algumas propriedades físico-químicas como o pH têm papel importante na toxicidade dos agentes, uma vez que este é um dos fatores que interferem diretamente na capacidade de absorção ou de excreção dos agentes. Substâncias ácidas têm maior capacidade de reabsorção tubular (rins).
A principal dificuldade na análise toxicológica está na quantidade de material a ser coletado, este normalmente apresenta-se em quantidades muito pequenas, além da quantidade de amostra ser pequena a concentração de toxicante nesta é ainda menor, por este motivo faz-se necessário o uso de diversas técnicas modernas para identificação.
Dentre as técnicas mais usadas podemos citar a Cromatografia em Camada Delgada (CCD) que corresponde a uma técnica barata, simples e muito eficiente para identificação de componentes. Outra técnica é a espectrofotometria, também muito eficaz na identificação.
ERROS
No entanto diversos fatores podem interferir nos resultados dos testes, dentre eles podemos mencionar os erros metodológicos como deterioração ou contaminação da amostra, erros sistemáticos ou aleatórios na execução do procedimento.
SUBSTRATOS PARA IDENTIFICAÇÃO
Os agentes tóxicos podem ser identificados de diversas fontes como fluidos, ar, alimentos, água, solo… Para garantir a identificação os métodos devem ser sensíveis e seletivos.
Testes com alta seletividade são aqueles que reagem facilmente na presença do toxicante, devido sua alta sensibilidade ele pode identificar equivocadamente alguns outros agentes, o que chamamos de reação cruzada. A seletividade é realizada após os testes sensíveis identificando, especificamente, a substância identificada pelo teste mais sensível.
TOXICOLOGIA ANALÍTICA
O objetivo principal de toxicologia analítica é a identificação e quantificação de agentes tóxicos em material biológico ou não.
Para a realização dos inúmeros testes é preciso pesquisar em diversos substratos: fluidos orgânicos; alimentos; ar; água; solo… Desta forma poderá prevenir ou diagnosticar intoxicações.
 SELETIVIDADE x SENSIBILIDADE
De uma forma simples a sensibilidade é a capacidade que um teste tem de identificar uma determinada substância. Quer dizer, o teste é sensível se ele identifica uma substância, mesmo esta se apresentando em pequenas quantidades, o problema é que se o teste é muito sensível ele pode identificar um contaminante ou um interferente analítico também gerando um resultado FALSO POSITIVO.
Para evitar este problema, após a realização de um teste sensível que apresentou o resultado positivo, vale a pena confirmar com a realização de um teste mais seletivo, o qual tem a capacidade de reação cruzada mais limitada, senso assim ele é mais específico.
 ANTES DO TRABALHO ANALÍTICO
É importante e indispensável planejar a execução do trabalho. Como forma de facilitar este momento pode-se proceder realizando as seguintes perguntas:
  1. Para que? – Esta pergunta orienta o planejamento analítico e nos levará a FINALIDADE do teste:
    1. Pesquisa
    2. Confirmação
    3. Identificação
    4. Controle
  2. O que? – Aqui nos concentraremos no TOXICANTE:
    1. É um produto orgânico ou inorgânico
    2. É de origem animal, vegetal ou mineral? Etc.
  3. Onde? Aqui é importante pensar na AMOSTRA que será analisada.
    1. É metabolizado de que forma?
    2. Onde se deposita? Etc.
    3. Como é sua eliminação?
    4. Que efeitos ele pode causa? Etc.
  4. Como? Neste momento será decidido, baseado nas informações levantadas anteriormente, como e qual será o teste analítico a ser realizado.
    1. Cromatografia
    2. Espectrometria
    3. Imunoensaio…


    REFERÊNCIAS
    MORAES, E. C. F. Manual de toxicologia analítica. Roca, São Paulo/SP, 1991.
    MATEUS, F. H. Avaliação e interpretação de resultados laboratoriais em toxicologia ocupacional. Seminário apresentado na X Jornada de farmácia e análises clínicas.

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