quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Extração Líquido-Líquido e Extração em Fase Sólida

EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO (ELL)

            Na extração líquido-líquido ocorre a partição da amostra entre duas fases imiscíveis (orgânica e aquosa). Pode-se iniciar o fracionamento de uma amostra através da partição por solventes orgânicos de polaridade crescente ou através da partição ácido-base.
            A extração líquido-líquido é uma técnica em que uma solução aquosa ou hidroalcoólica é colocada em contato com um segundo solvente orgânico imiscível com o primeiro solvente, a fim de colocar a transferência de um ou de mais de um soluto para o segundo solvente. A eficiência da extração depende da afinidade do soluto pelo solvente de extração, da razão das fases e do número de extrações.
            A ELL apresenta as vantagens de ser simples (na configuração mais comum usa-se um funil de separação) e poder utilizar um grande número de solventes, puros e disponíveis comercialmente, os quais fornecem uma ampla faixa de solubilidade e seletividade. Além disso, as proteínas presentes nas amostras são denaturadas, eliminando a contaminação da coluna cromatográfica. Por outro lado, esta técnica possui uma série de desvantagens, tais como: as amostras com alta afinidade pela água são parcialmente extraídas pelo solvente orgânico, resultando em perda do analito; impurezas do solvente são concentradas junto com a amostra, implicando no uso de solventes ultrapuros; pode ocorrer a formação de emulsões, o que resulta em grande consumo de tempo; volumes relativamente grandes de amostras e de solventes são requeridos, gerando problemas de descartes; alguns solventes orgânicos são tóxicos; decomposição de compostos instáveis termicamente, na etapa de pré-concentração; o processo é suscetível a erros e, relativamente, de difícil automação.
            Apesar destas desvantagens, a ELL é considerada uma técnica clássica de preparação de amostra e tem sido ainda muito utilizada em análises de diversos tipos de substâncias presentes em fluidos biológicos, pois extratos bastante limpos podem ser obtidos com alta seletividade para alguns analitos.

Aplicações de ELL em fluidos biológicos

            A escolha adequada do solvente orgânico e o ajuste de pH da amostra são necessários para assegurar uma boa recuperação do analito. A extração de substâncias básicas é, normalmente, realizada a pH maiores que 7 e a extração de substâncias ácidas é feita em pH menores que 5. Vários tipos de solventes orgânicos têm sido empregados na extração de drogas ácidas e básicas presentes em amostras de fluidos biológicos, quanto maior a afinidade do analito pelo solvente orgânico maior a recuperação.
            A ELL foi empregada para a determinação de 25 pesticidas organofosforados, em soro humano, por meio de extração com n-hexano/acetato de etila (75:25, v/v) seguida por cromatografia em camada delgada de alta eficiência.
            Outro emprego da ELL foi a análise de estriquinina, que é um alcalóide altamente tóxico para os seres humanos, através da utilização de uma mistura de tolueno/n-heptano/álcool isoamílico (67:20:4, v/v/v) foi feita a extração da substância tóxica de amostras biológicas, para fins de investigações clínicas e forense, com determinação por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas.

EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA (EFS)

            Hoje em dia a extração em fase sólida é uma das ferramentas mais poderosas e mais empregadas para a extração e/ou pré-concentração de analitos presentes em matrizes (soro, plasma, urina).
            Na extração por fase sólida, o analista tem que primeiramente selecionar o tipo de sorvente que vai ser utilizado na análise em questão, de acordo com as características físico-quimicas dos analitos de interesse.
            Os princípios relacionados relacionados com as técnicas de EFS e ELL são semelhantes entre si e envolvem a partição dos compostos de interesse entre duas fases. Na EFS o analito de interesse, para ser extraído, e dividido entre a fase líquida, a qual está contida na fase sólida (sorvente) e o solvente de eluição, como se fosse entre dois líquidos imiscíveis, similar ao que ocorre na ELL. O analito de interesse terá menor ou maior afinidade pela fase líquida do sorvente, determinando assim o grau de retenção deste analito. Posteriormente este analito é extraído por um solvente orgânico no qual ele tenha maior afinidade que na fase líquida do sorvente.
            Os mecanismos de retenção e eluição dos analitos pela fase sólida ocorrem através de forças intermoleculares entre o analito e a superfície da fase sólida.
            Em geral, os procedimentos de EFS contêm 5 etapas: i) ativação do sorvente através da passagem de um solvente que condicione a superfície do sólido, para deixar os sítios ativos disponíveis; ii)remoção do solvente responsável pela ativação; iii) introdução da amostra, quando ocorre a retenção do analito e às vezes de alguns interferentes; iv) limpeza da coluna para retirar os interferentes menos retidos que o analito; v) eluição do analito de interesse do sorvente com um solvente apropriado.
            Dependendo do solvente de condicionamento e de eluição, os grupos mais frequentemente usados como sorventes à base de sílica quimicamente ligada podem ser divididos em 3 categorias: i) fase reversa (FR) quando o sorvente é menos polar que o solvente de eluição; ii) fase normal (FN) quando o solvente é menos polar que o sorvente e iii) troca iônica (TI).


Bibliografia

QUEIROZ, S. C. N.; COLLINS, C. H. ; JARDIM, I. C. S. F. Métodos de extração e/ou concentração de compostos encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação cromatográfica. Quím. Nova. v. 24, n.1, p. 68-76, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v24n1/4452.pdf. Acesso em: 17 de agosto de 2011.

FARIA L. J. S. Avaliação de diferentes sorventes na extração em fase sólida de pesticidas em água. Desenvolvimento e validação de metodologia. 2004. 79p. (Dissertação de Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas. São Paulo. 2004. Disponível em: http://biq.iqm.unicamp.br/arquivos/ teses/vtls000 349 402.pdf. Acesso em: 17 de agosto de 2011.




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