Na região do Guarajá-mirim (RO)
localiza-se a bacia do rio Mamoré, que faz divisa com a Bolívia e divide as
cidades gêmeas de Guayaramerin (boliviana) e a de Guarajá-mirim (brasileira).
Desde a década de 70 a região se destacou na área da mineração devido à
execução de projetos básicos desenvolvidos por certas empresas.
A potencialidade aurífera da região é
reconhecida, sendo o ouro aí encontrado do tipo ouro de aluvião, aquele que se encontra no sedimento
dos rios e necessita ser retirado por técnicas manuais (como a bateia) e por
uma posterior amalgamação com mercúrio metálico. Nessa técnica o mercúrio se
une ao ouro formando um amálgama que é muito denso e fica depositado no fundo
da bateia, enquanto outros sedimentos são levados pelo rio.
Essa técnica vem, ao longo dos anos,
causando danos ao meio ambiente e às populações que vivem na região. Isso
acontece porque o mercúrio utilizado na amalgamação do ouro é transferido para
atmosfera na forma de vapor e para as águas dos rios, na forma de mercúrio
metálico (Hg0), dimetilmercúrio (CH3) 2Hg ou de metilmercúrio (CH3Hg+), que é a forma
mais tóxica.
O mercúrio metálico e o dimetilmercúrio
também podem ser transformados em metilmercúrio pela ação das bactérias que
vivem nos sedimentos dos rios. Essas substâncias entram na cadeia alimentar da
população da região através da ingestão do mercúrio pelos peixes e
posteriormente da ingestão dos peixes pela população, além da utilização da
água do rio para uso doméstico. A água também é utilizada na agricultura local,
expondo o solo e conseqüentemente os alimentos agrícolas à contaminação pelo
mercúrio.
A referida região possui inúmeras áreas
indígenas que são afetadas pela poluição com mercúrio, pois a ingestão é muito
freqüente e este acumula no organismo provocando sintomas como fraqueza,
insônia, perda da visão ou cegueira, perda da audição, ataxia, disartia, parestesia,
danos ao sistema nervoso, câncer e até mesmo a morte.
A maioria destes sintomas é causada pelo
metilmercúrio e obviamente os sintomas dependem do grau de intoxicação e do
tempo de exposição.
Ainda não é conhecido nenhum
medicamento que retire o mercúrio do organismo. No entanto, pesquisas revelaram
que o próprio organismo se encarrega de eliminá-lo através de fios de cabelo
(onde usualmente são feitos os testes para verificação do grau de
contaminação), da urina, das fezes e do suor.
Porém, cada parte do organismo tem um
determinado intervalo de tempo para essa eliminação.
Por exemplo, o mercúrio contido no
sangue demora apenas alguns dias para ser eliminado, enquanto o mercúrio
contido no cérebro demora em torno de 10 anos. Além disso, essa descontaminação
só terá efeito a partir do momento em que o indivíduo estiver livre dos fatores
contaminantes.
Técnicas de
descontaminação da água
Nenhuma técnica está sendo usada
atualmente para retirar o mercúrio dos rios, porém estudos estão sendo feitos,
como por exemplo, a utilização de uma “mesa vibratória” que tem como princípio
a transferência de energia. Essa “mesa” é inclinada sobre a água e sua vibração
faz com que a amálgama se desprenda do fundo e suba. Outra técnica que está
sendo desenvolvida por pesquisadores do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia) e da Universidade Federal do Amazonas é a utilização da bactéria Chromobacterium violaceum. Há evidências de que ela pode ser
empregada em processos de limpeza de áreas poluídas com metais pesados ou
ajudar a unir partículas de ouro em áreas de mineração. Também pesquisadores do
CETEC (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais) e da Universidade Católica
de Brasília estão desenvolvendo uma técnica que utiliza uma dupla de
microorganismos formada por uma bactéria e uma levedura, que vivem em simbiose.
Esses microorganismos conseguem converter os metais poluentes, dissolvidos na
água, para sua forma insolúvel, que pode filtrada.
Desse modo é possível perceber que a
descontaminação do mercúrio é muito difícil de ser realizada e, portanto, é
necessário um trabalho de conscientização e de instrução voltado para os garimpeiros,
já que eles próprios devem desconhecer o mal a que estão expostos.
Para o desenvolvimento de pesquisas e
liberação de verba para tal é importante que os órgãos desempenhem o seu papel.
Desse modo, as pesquisas seriam aceleradas e os resultados seriam obtidos com
maior brevidade, já que a poluição é um problema sério que desequilibra a
população regional, a família dos garimpeiros, o meio ambiente, a economia e
precisa ser solucionado para que o equilíbrio que foi abalado possa ser
restabelecido.
A poluição ambiental deixa as águas
impróprias para o consumo (direto ou indireto) e também inviabiliza a
utilização do solo e, assim, muitos animais morrem contaminados.
O bem estar da região
amazônica é interessante para população mundial, pois ela é palco de inúmeras
pesquisas científicas, além da importância ecológica como responsável pela
maior biodiversidade tropical do planeta, desse modo a poluição e o
desmatamento causam um enorme desequilíbrio nesse ecossistema. Saiba Mais:
BARCE, M. S. Poluição
em Rondônia. Revista Eletrônica de
Ciências. n. 32, abr. 2006.
Disponível em:
<http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_32/aprendendo4.html>
Acesso em: 03/11/2011
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