quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Alcoolemia


            
          De acordo com o Decreto nº 6.117, de 22 de maio de 2007, que aprovou a Política Nacional sobre o Álcool, “é considerada bebida alcoólica aquela que contiver 0.5 grau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo-se aí bebidas destiladas, fermentadas e outras preparações, como a mistura de refrigerantes e destilados, além de preparações farmacêuticas que contenham teor alcoólico igual ou acima de 0.5 grau GayLussac”.
            O álcool é composto orgânico obtido pela substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo hidroxila. O etanol – decorrente da fermentação ou destilação da glicose de cereais, raízes ou frutas – atua de forma sistêmica, sobre vários órgãos. No Sistema Nervoso Central (SNC), age como depressor cerebral, de ação hipnótica. Interage com neurotransmissores inibitórios, especialmente o ácido gama-aminobutírico (Gaba), abrindo os canais de cloro, com consequente estímulo à hiperpolarização neuronal. Interfere também com o glutamato, neurotransmissor excitatório relacionado com memória e cognição, bloqueando os receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). Interfere no metabolismo proteico e na função da bomba Na/K (sódio/potássio) inibindo a condução elétrica neuronal.
            É uma substância capaz de causar danos através de três mecanismos distintos: toxicidade, direta e indireta, sobre diversos órgãos e sistemas corporais; intoxicação aguda; e dependência”.
            O efeito do álcool é dose-dependente. A alcoolemia varia conforme a velocidade de ingestão, o consumo prévio de alimentos, a vulnerabilidade individual à substância, entre outros. Quando a concentração do etanol no sangue supera 3 g/l, o paciente pode entrar em coma, apresentando diminuição dos reflexos, da respiração e maior risco de morte (Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2007).
            Diversos autores descrevem correlação entre o nível de alcoolemia e a presença de manifestações clínicas. A Tabela 1 ilustra dados apresentados pelo Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (2007), bastante semelhantes aos de outras fontes.



Existem evidências de que o consumo de álcool apresenta relação direta tanto com a ocorrência quanto com a gravidade de acidentes de trânsito (Laranjeira & Romano, 2004). Modelli e colaboradores (2008) encontraram que 42,8% das vítimas fatais de acidentes de trânsito no Distrito Federal, em 2005, apresentavam alcoolemia acima do permitido na legislação então vigente, que estipulava limite de 0,6g/l. Os autores afirmam que o consumo de álcool nesses casos havia contribuído, em grau variável, com o evento da morte e com o tipo de acidente sofrido.
 O teste no sangue vai informar a quantidade de álcool, de acordo com 4 fatores, a quantidade, o tipo de bebida ingerida, seu peso e tempo que você passou consumindo e vai determinar a taxa de Alcoolemia (Quantidade de Álcool no sangue).
  A Lei 11.705 determina que o limite de Álcool no sangue Tolerável que antes era de ate 0,6g/L, foi reduzido para zero, entretanto devido a margem de erro dos aparelhos de medição, ficou estabelecido uma tolerância de 0,2g/L (0,02%). A quantidade de bebida consumida para deixar esse valor residual vai depender de vários fatores e depende de cada pessoa.

Álcool no esporte: 

 Nos esportes, o aumento do uso de substâncias ou métodos proibidos, destinados a melhorar artificialmente o desempenho esportivo, motiva uma ação de combate intensa por parte de autoridades nacionais e internacionais. O objetivo é evitar uma vantagem desleal de um competidor sobre os demais, além de preservar os aspectos éticos e morais do esporte e, acima de tudo, a saúde do atleta.
O álcool (etanol) faz parte das substâncias proibidas em esportes específicos, é proibido somente Em Competição, nos esportes abaixo relacionados. A detecção será feita por análise respiratória e/ou pelo sangue. O limite permitido (em valores hematológicos) é de 0,10 g / L.


Alguns atletas utilizam o álcool para aprimorar o desempenho em virtude de seus hipotéticos efeitos psicológicos e fisiológicos. Na esfera psicológica, alguns argumentaram que o álcool antes da competição reduz a tensão e a ansiedade (efeito ansiolítico), realça a autoconfiança e promove a agressividade. Facilita também a “desinibição” neurológica em virtude de seu efeito estimulante inicial que, no entanto, é transitório. Assim sendo, o atleta pode acreditar que o álcool facilita o desempenho físico ao nível ou próximo de sua capacidade fisiológica, particularmente para as atividades de força e potência máximas (McArdle & Katch, 2002).
Todavia, as pesquisas não consubstanciam qualquer efeito ergogênico do álcool sobre a força muscular, a potência anaeróbica máxima a curto prazo ou o desempenho mais prolongado nos exercícios aeróbicos. 
Apesar de atuar inicialmente como estimulante, o álcool acaba deprimindo a função neurológica (deterioração da memória, da percepção visual, da fala, da coordenação motora) em relação direta com sua concentração sanguínea.
Alguns desportistas utilizam o álcool para amortecer a função psicomotora, diminuindo o tremor das mãos. Assim sendo, o uso de álcool tem sido prevalente em provas de tiro de precisão, arco e flecha, e tiro com rifle. Contudo, apesar do potencial teórico específico para a melhora do desempenho, a maior parte das pesquisas indica que o álcool, na melhor das hipóteses, não proporciona qualquer benefício ergogênico; na pior das hipóteses, pode desencadear efeitos colaterais perigosos que deterioram muito o desempenho (efeito ergolítico) (McArdle & Katch, 2002).
           
Referências:

A LISTA PROIBIDA DE 2011. Código Mundial Antidoping. Disponível em: http://www.cob.org.br/pesquisa_estudo/pdfs/TB_Lista_Antidoping_06jan.pdf. Acesso em: 30 de setembro, 2011. 
De Carvalho, Cláudio Viveiros. Alteração do Limite Máximo de Teor Alcóolico da Lei Seca. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Brasília, novembro, 2008. Disponível em:http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/1230/alteracaolimite_viveiros.pdf?sequence=1. Acesso em: 30 de setembro, 2011
McArdle W. Katch F. Katch V. Fundamentos de Fisiologia do Exercício. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2002

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