É fundamental que os laboratórios demonstrem, através da
VALIDAÇÃO, que os métodos de ensaio que executam conduzem a resultados confiáveis e adequados à qualidade pretendida.
Validação = Confiabilidade analítica
O objetivo de uma validação é demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida, ou seja, a determinação qualitativa, semi-quantitativa e/ou quantitativa de fármacos e outras substâncias em produtos farmacêuticos.
- Essas informações aplicam-se a:
- Técnicas analíticas que façam uso de métodos de cromatografia gasosa (CG) ou cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE);
- Métodos não-cromatográficos, desde que estes ofereçam uma seletividade aceitável (por ex. titulometria, espectrofotometria UV-VIS);
- Testes imunológicos ou microbiológicos, desde que observado o grau de variabilidade usualmente associado a estas técnicas;
- Para a garantia da qualidade analítica dos resultados, todos os equipamentos utilizados na validação devem estar devidamente calibrados e os analistas devem ser qualificados e adequadamente treinados;
- Deve-se utilizar substâncias de referência oficializadas pela Farmacopéia Brasileira ou, na ausência destas, por outros códigos autorizados pela legislação vigente;
- A validação deve garantir, por meio de estudos experimentais, que o método atenda às exigências das aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. Para tanto, deve apresentar:
- Especificidade e Seletividade
- É a capacidade que o método possui de medir exatamente um composto em presença de outros componentes tais como impurezas, produtos de degradação e componentes da matriz.
- Para análise qualitativa (teste de identificação) é necessário demonstrar a capacidade de seleção do método entre compostos com estruturas relacionadas que podem estar presentes.
- Para análise quantitativa (teor) e análise de impurezas, a especificidade pode ser determinada pela comparação dos resultados obtidos de amostras (fármaco ou medicamento) contaminadas com quantidades apropriadas de impurezas ou excipientes e amostras não contaminadas, para demonstrar que o resultado do teste não é afetado por esses materiais.
- Linearidade
- É a capacidade de uma metodologia analítica de demonstrar que os resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo especificado.
- Recomenda-se que a linearidade seja determinada pela análise de, no mínimo, 5 concentrações diferentes.
- Se houver relação linear aparente após exame visual do gráfico, os resultados dos testes deverão ser tratados por métodos estatísticos apropriados para determinação do coeficiente de correlação, intersecção com o eixo Y, coeficiente angular, soma residual dos quadrados mínimos da regressão linear e desvio padrão relativo. Se não houver relação linear, realizar transformação matemática.
- O critério mínimo aceitável do coeficiente de correlação (r) que deve ser em cerca de 0,99.
-Deve-se apresentar as curvas obtidas (experimental e a resultante do tratamento matemático).
- Precisão
- È a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma série de medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. Esta é considerada em três níveis:
- Repetibilidade: concordância entre os resultados dentro de um curto período de tempo com o mesmo analista e mesma instrumentação.
- Reprodutibilidade: concordância entre os resultados obtidos em laboratórios diferentes como em estudos colaborativos, geralmente aplicados à padronização de metodologia analítica.
- Precisão intermediária: concordância entre os resultados do mesmo laboratório, mas obtidos em dias diferentes, com analistas diferentes e/ou equipamentos diferentes.
- A precisão pode ser expressa como desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV%), segundo a fórmula:
O valor máximo aceitável deve ser definido de acordo com a metodologia empregada, a concentração do analito na amostra, o tipo de matriz e a finalidade do método, não se admitindo valores superiores a 5%.
- LD
-Limite de detecção é a menor quantidade do analito presente em uma amostra que pode ser detectado, porém não necessariamente quantificado, sob as condições experimentais estabelecidas.
-No caso de métodos não instrumentais (CCD, titulação, comparação de cor), esta determinação pode ser feita visualmente, onde o limite de detecção é o menor valor de concentração capaz de produzir o efeito esperado (mudança de cor, turvação, etc).
- No caso de métodos instrumentais (CLAE, CG, absorção atômica), a estimativa do limite de detecção pode ser feita com base na relação de 3 vezes o ruído da linha de base. Pode ser determinado pela equação:
-Em que: DPa é o desvio padrão do intercepto com o eixo do Y de, no mínimo, 3 curvas de calibração construídas contendo concentrações do fármaco próximas ao suposto limite de quantificação. Este desvio padrão pode ainda ser obtido a partir da curva de calibração proveniente da análise de um número apropriado de amostras do branco; IC é a inclinação da curva de calibração.
- LQ
-É a menor quantidade do analito em uma amostra que pode ser determinada com precisão e exatidão aceitáveis sob as condições experimentais estabelecidas.
-O limite de quantificação é estabelecido por meio da análise de soluções contendo concentrações decrescentes do fármaco até o menor nível determinável com precisão e exatidão aceitáveis. Pode ser expresso pela equação:
Em que:
DPa é o desvio padrão
IC é a inclinação da curva de calibração
.-Também pode ser determinado por meio do ruído. Neste caso, determina-se o ruído da linha de base e considera-se como limite de quantificação aquela concentração que produza relação sinal-ruído superior a 10:1.
- Intervalo
-O intervalo especificado é a faixa entre os limites de quantificação superior e inferior de um método analítico. Normalmente é derivado do estudo de linearidade e depende da aplicação pretendida do método.
- Exatidão
-A exatidão de um método analítico é a proximidade dos resultados obtidos pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro.
-A exatidão é calculada como porcentagem de recuperação da quantidade conhecida do analito adicionado à amostra, ou como a diferença porcentual entre as médias e o valor verdadeiro aceito, acrescida dos intervalos de confiança.
-A exatidão do método deve ser determinada após o estabelecimento da linearidade, do intervalo linear e da especificidade do mesmo, sendo verificada a partir de, no mínimo, 9 (nove) determinações contemplando o intervalo linear do procedimento, ou seja, 3 (três) concentrações, baixa, média e alta, com 3 (três) réplicas cada. A exatidão é expressa pela relação entre a concentração média determinada experimentalmente e a concentração teórica correspondente:
- Robustez
A robustez de um método analítico é a medida de sua capacidade em resistir a pequenas e deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso normal.
Tabela 1 - Fatores que devem ser considerados na determinação da robustez do método analítico:
Preparo das Amostras
|
·Estabilidade das soluções analíticas
·Tempo de extração |
Espectrofotometria
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·Variação do pH da solução
·Temperatura ·Diferentes fabricantes de solventes |
Cromatografia Líquida
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·Variação do pH da fase móvel
·Variação na composição da fase móvel ·Diferentes lotes ou fabricantes de colunas ·Temperatura ·Fluxo da fase móvel |
Cromatografia Gasosa
|
·Diferentes lotes ou fabricantes de colunas
·Temperatura ·Velocidade do gás de arraste |
Bibiografia
- SIQUEIRA-MOURA, Marigilson Pontes de; LIRA, Mariane Cajubá Britto and SANTOS-MAGALHAES, Nereide Stela. Validação de método analítico espectrofotométrico UV para determinação de ácido úsnico em lipossomas. Rev. Bras. Cienc. Farm. [online]. 2008, vol.44, n.4, pp. 621-628. ISSN 1516-9332. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v44n4/v44n4a08.pdf
- Lasmar, Marcelo Carvalho e Leite, Edna Maria Alvarez. Desenvolvimento e Validação de hum Método cromatográfico fase gasosa los parágrafo Análise da 3,4-metilenodioximetanfetamina (ecstasy) e Outros Derivados anfetamínicos los Comprimidos. Rev. Bras. Cienc. Farm. [online]. 2007 vol.43, n.2, p. 223-230. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v43n2/07.pdf
- ANVISA, Guia para Qualidade em Química Analítica – Uma Assistência a Acreditação, v. 1, 1. ed, Brasília, 2004. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/reblas/III_enc_desenvolvimento_anal%EDtico.pdf
- BRASIL, Resolução (RE) nº 899, de 29 de maio de 2003. Determina a publicação do "Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos". DiárioOficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 02 de junho de 2003. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/re/899_03re.htm
Os dois primeiros artigos da bibliografia,exemplificam bem os métodos de validação analíticos ,vale a pena conferir!!
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